segunda-feira, 8 de abril de 2013

Tomé e a Dúvida!


Pregação João 20:24-31 – 2 dom. de páscoa 


Se você estivesse diante de um copo com água pela metade, como você encararia este fato? Para você ele estaria meio cheio, ou meio vazio? 
Cada pessoa tem um jeito de ver as situações. O otimista olharia para o copo e diria que está meio cheio. O pessimista ao contrário, diria que está meio vazio.

Tomé é o assim considerado e chamado “discípulo duvidoso”. Em parte creio que de fato ele mereça este apelido, mas, ao ser confrontado com o Cristo ressurreto, ele também nos mostra o caminho da dúvida para a fé.
Tomé era uma pessoa extremamente racional, cética e pessimista. Ele tinha uma personalidade pessimista.
E esse pessimismo inicia quando Jesus se propõem a voltar para a Judéia, após receber o recado de Maria e Marta falando do estado crítico que se encontrava Lázaro. Aliás, esta é a primeira vez que há menção a respeito de Tomé. Ele fica indignado com a notícia dada por Jesus, pois já haviam tentado apedrejar Jesus lá e agora retornar para este lugar era sinônimo de fracasso para Tomé.
Tomé tinha certeza de que a viagem terminaria em fracasso ou desastre. Porém sua lealdade e coragem nunca estavam em jogo. E mesmo contra a vontade e muito pessimista, ele vai junto.
O mesmo pessimismo de Tomé é notado na segunda vez que aparece nos evangelhos, na Última Ceia. Quando Jesus pede que os discípulos não fiquem perturbados, mas que creiam em Deus e na certeza de que há muitas moradas da cada do Pai. Jesus promete voltar e os levar e afirma que conhecem o caminho para onde Ele iria. E a resposta de Tomé: “Senhor, não sabemos para onde vais; como então podemos saber o caminho?” Como que dissesse: “Cai na real! Eu ainda não vi o menor sinal da casa do Pai. Eu não faço ideia de para onde você está indo. Eu não sei o caminho. Se você vai morrer agora, então podemos muito bem morrer todos com você.”
Tomé parecia naturalmente olhar para o lado negro das coisas. Seria a pessoa que olharia para o copo e diria que está meio vazio em vez de meio cheio.
E nós? Nos identificamos com Tomé? Será que em muitos momentos também não somos pessimistas?
Tudo bem que Tomé tivesse esta personalidade, porém suas atitudes poderiam ter sido diferentes. Qual foi o erro de Tomé?

1. Se isolar. Ele cultivou o seu sentimento e remoeu o seu medo. Recusou-se a conversar com alguém ou discutir a questão com alguém. Ele não ouviu Jesus dizer: paz seja com vocês!, porque não estava lá. (“não deixemos de nos reunir como igreja, segundo o costume de alguns, mas procuremos encorajar-nos uns aos outros.” Hb 10.25)

2. Aumentar o seu ceticismo insistindo nele. Quase podemos ouvi-lo dizer: “Tá vendo, eu disse que aconteceria um desastre. Não vamos nos enganar. As mulheres no túmulo estavam tão alteradas que simplesmente imaginaram que um anjo pareceu. Vocês não viram Jesus de verdade. Essas coisas não acontecem. Eu não acredito.

3. Insistir nos sinais. Exigiu provas visíveis. Não acreditar, na verdade era importante para ele. Isso lhe dava notoriedade e certo status aos seus olhos.

Porém uma semana depois, os discípulos se encontram de novo a portas trancadas, e dessa vez, Tomé estava lá.
Será que Jesus apareceria de novo?
Tomé estava lá, e de repente, Jesus estava lá também, dizendo: “Paz seja com vocês!” E disse especificamente para Tomé: “Coloque o seu dedo aqui; veja as minhas mãos. Estende a mão e coloque-a no meu lado. Pare de duvidar e creia.” Item a item, Jesus cumpriu suas exigências. Ele desafiou o cético a cumprir com o seu teste.
O próximo passo era com Tomé. Deve ter ocorrido um momento dramático de silêncio, enquanto a fé brigada com a dúvida no interior de Tomé.
Mas Tomé passou no teste. Com uma exclamação, “Senhor meu e Deus meu!”, ele passou do pessimismo à fé, do ceticismo à crença.
Ele aceitou o fato milagroso da ressurreição!
A fé de Tomé veio pelo ver. E muitas vezes o cético dentro de nós pode ainda estar dizendo: “Se eu pudesse ver, eu acreditaria.”
Porém, sempre que se responde ao mal com o bem, à maldição com benção, ao ódio com amor, Jesus mais uma vez nos mostra o poder da sua ressurreição nas vidas tangíveis e visíveis das pessoas que encontramos. Em cada ato de bondade, gentileza e amor, Jesus mostra para nós as marcas dos pregos e as feridas do corpo ressurreto.
Ao invés de depender de uma prova tangível de sua ressurreição, Jesus nos oferece um caminho muito melhor. Um caminho excelente, que é a fé. Ele diz para Tomé: “Porque me viu você creu? Felizes os que não viram e creram.”
É possível ter fé sem ver. Como? João dá a resposta: a Palavra de Deus.  (João 20. 30-31).
A palavra de Deus gera fé.
Jesus está pronto para vir ao nosso encontro, assim como foi ao encontro de Tomé, no nosso ceticismo e pessimismo.
Ele está pronto para através do seu Espírito, abrir a sua palavra para o nosso entendimento.
Por isso, que não percamos a oportunidade de nos reunir em torno da palavra de Deus, e ser fortalecidos, animados, encorajados por meio dela. Que não nos isolemos. Que não permaneçamos insistindo em nosso pessimismo e que não nos detenhamos aos sinais. Mas que peçamos a Deus, que por meio da Sua palavra, ele nos dê o dom da fé.
Que nós também sejamos chamados “felizes, por que não vimos, mas mesmo assim, cremos!” Amém.

Pa. Luciméri Lichtenfels (Baseado no livro: "Personagens ao redor da cruz")

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